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sábado, 5 de dezembro de 2020

Por uma Nova Realidade



Uma nova realidade sempre é possível : a utopia é uma miragem que nos faz caminhar, disse Galeano. No momento vivemos o oposto da utopia : distopia, …..o que brotará dessa falta de sonho e esperanças não sabemos : na minha cidade estado ideal, que chamo de cidade spin, as pessoas jurídicas, sejam elas de direito público ou privado, estão subordinadas à vontade da coletividade : no lugar do poder judiciário existe o poder curador, de curar o indivíduo a partir do ventre : lá, o Poder Verbalizador, que aqui é comandado pela Globo, tem função cognitiva e não desinformativa; lá os clérigos religiosos jamais falam: apenas cantam, o que tornaria impossível ouvirmos um Edir Macedo cantar de forma espiritual a frase Quem não concorda com Bolsonaro deverá ser removido .
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…. lá, toda a contradição é trazida à tona pelo indivíduo junto ao Poder Curador, isso que aqui chamam de Judiciário….
…tenho 60 anos de idade: daqui a pouco estarei debaixo do chão com PHA ou com o rosto traçado pelo Face App do envelhecimento : destes 60 anos, em 12 fui criança e por 48 anos dediquei-me ao meu abecedário da mesma forma que Deleuze dedicou-se ao seu : cada um de nós tem um abecedario, o que não quer dizer ser abecedariano, a dissidência alemã do protestantismo que pregava a burrice e a ignorância como meio de salvação : é disso que se trata : o mundo todo se tornou abecedariano : como optar pelo abecedário sem ser abecedariano : eis a questão continua na página do Spin abecedário : http://josecarloslima.blogspot.com
Fiz o comentário ao acima a este post do Nassif:
Contra a ultra direita, vem ai a Nova Democracia, por Luis Nassif

A ideia será juntar os principais artigos publicados no exterior sobre o tema, e entrevistas e artigos de pensadores brasileiros, de economistas a cientistas sociais entre outros, visando fomentar o debate.


Nas últimas décadas, os economistas de mercado foram amplamente hegemônicos. Dominaram não apenas governos neoliberais, mas criaram uma nova ciência, sem nenhuma relação com a observação empírica da economia real, mas que influenciaram sensivelmente partidos socialdemocratas, que acabaram incorporando seus princípios e acreditando no mito da lição de casa e do pote de ouro no final do arco-íris.

Ao incorporar teses do mercado em relação ao estado do bem-estar social, livre fluxo de capitais, a socialdemocracia perdeu a alma. Quando o modelo neoliberal naufragou, em vez de ser substituído pela social democracia, sua falência promoveu o renascimento da ultradireita.
A esquerda conservou as bandeiras das liberdades civis, dos direitos humanos, da igualdade de gêneros, do combate ao preconceito, da solidariedade social. Mas no campo econômico e político, falhou miseravelmente.
O toque inicial foi o livro de Thomas Piketty, comprovando a extraordinária concentração de renda ocorrida nas últimas décadas e a impotência das políticas fiscal e monetária para promover qualquer política de redução das desigualdades.
Mesmo após a crise de 2008, o mercado permaneceu empinando bandeiras, como o da privatização selvagem, da desregulamentação, da redução de impostos, redução dos direitos trabalhistas, liberação comercial, enfim, todos os instrumentos responsáveis pela enorme concentração de renda no período anterior.
Como lembra uma importante reportagem de The Guardian, as bandeiras da esquerda continuaram sendo Karl Marx, que morreu em 1883, e Lord Keynes, em 1946. E qualquer tentativa de questionar os dogmas econômicos era tratada como uma volta aos anos 70.
A resultante dessa irracionalidade foram bolhas especulativas recorrentes, crise bancária, ascensão da direita, explosão de ditaduras, ameaças ao clima e a ampliação da concentração de renda.
Em pleno apogeu da ultradireita, teve início, então, uma reação de economistas, cientistas sociais, intelectuais progressistas, valendo-se das ferramentas da Internet, de blogs, sites de trabalhos acadêmicos, fazendo a crítica do período anterior, não apenas dos abusos do neoliberalismo, mas dos pontos de fracasso da socialdemocracia.
Mais que isso, o advento das chamadas big datas, os grandes bancos de dados, permitiu a avaliação segura de todas as distorções geradas pela desregulação selvagem, em oposição aos ganhos registrados em períodos de políticas econômicas mais proativas.

É com esses condimentos que começa a grande revolução democrática, um movimento interdisciplinar que já produz efeitos na Europa, mobiliza pessoas nos Estados Unidos e, em breve, estreará no Brasil.

Aprofundamento da democracia

Um dos pontos centrais da crítica à ortodoxia, que provavelmente será a marca do novo movimento, é o questionamento do modelo político e a necessidade de aprofundamento da democracia. E a apresentação de propostas de um governo viável.
A lógica é simples. A socialdemocracia imaginou que, com instrumentos fiscais e gastos públicos, conseguiria reduzir a desigualdade. Não se deu conta de que o modelo político consagrava não apenas a concentração de poder econômico, mas também do poder político.
O mercado conseguia impedir aumentos de tributos, desmontar políticas de bem-estar, cooptar o meio acadêmico, interferir nas bancadas políticas.
Portanto, a única maneira de romper esse círculo vicioso é com o aprofundamento da democracia, abrindo espaço para as organizações civis, de movimentos populares a ONGs empresariais.
Inverte-se completamente a lógica perversa que vem do século 19, no qual economistas se comportam como condutores dos povos, indicando os caminhos a serem percorridos dentro de uma ótica estritamente economicista, sem conhecimento maior sobre a complexidade do tecido econômico.
Uma das expoentes desse novo pensamento, Christine Berry, sintetiza as bandeiras: “Estamos tirando a economia de volta ao básico”, diz ela. “Queremos que a economia pergunte: ‘Quem possui esses recursos? Quem tem poder nesta empresa? O discurso econômico convencional ofusca essas questões, em benefício daqueles com poder ”.
A ideia da redistribuição de poder inclui o novo papel dos funcionários nas empresas, dos políticos locais reformulando a economia de sua cidade, o cooperativismo e outras formas de associativismo.

O questionamento da ortodoxia

A eclosão da crise de 2008, e seu enfrentamento por políticas públicas pró-ativas, desmontaram dois mitos: o do equilíbrio perfeito do mercado, e o da inutilidade do papel do Estado.
Veio daí – como constata o The Guardian – a eclosão de uma rede emergentes de economistas, pensadores e ativistas políticos, tentando construir um novo tipo de economia de esquerda, aponando as falhas da economia do século 21, mas também abrindo espaço para políticas viáveis para futuros governantes.
Como lembra o jornal, não se trata de uma fantasia idealista, mas de um jogo de novas forças que começa a se mover. “Se queremos viver em sociedades democráticas, então precisamos … permitir que as comunidades moldem suas economias locais”, defendem Joe Guinan e Martin O’Neill, em artigo para o para o Instituto de Pesquisa de Políticas Públicas (IPPR) – um think tank anteriormente associado ao Novo Trabalhismo. “Já não é bom o suficiente ver a economia como uma espécie de domínio tecnocrático separado, no qual os valores centrais de uma sociedade democrática de alguma forma não se aplicam.”
Além disso, argumentam Guinan e O’Neill, tornando a economia mais democrática pode-se revitalizar a democracia: é menos provável que os eleitores se sintam raivosos ou apáticos se forem incluídos nas decisões econômicas que afetam fundamentalmente suas vidas.
A ideia é aprofundar a democracia em todos os espaços, na relação entre capitalismo e Estado, entre trabalhadores e empregadores, entre economia local e global.
Altera-se completamente o padrão anterior da centro-esquerda, em que se procurava mudar a economia através de impostos e nacionalização substituindo a elite gerencial do setor privado por outra estatal.
A Nova Democracia propõe, agora, mudar a natureza do capitalismo através de mudanças definitivas, nas quais o Estado supervisionaria, mas não controlaria. Seria uma revolução não violenta em câmera lenta. Como dizem os novos economistas, o resultado seria uma economia que se adapte à sociedade e não o oposto, como ocorre hoje.Os Os sites e blogs

As novas referências

Uma das características do novo modelo são as formas de propagação das ideias, através de sites especializados.
São referencias, hoje em dia, o OpenDemocracy, o Jacobin e Novara, o Project Syndicate, o The New Economic Foundation, o IPPR, o Institue For New Economic Thinking e o Jacobin, entre outros.
Dentre os economistas na linha de frente da guerra contra os dogmas estão Joseph Stiglitz, Dan Rodrik e Paul Krugman.
A propagação das ideias se dá através das mídias sociais.

Iniciativas em andamento

Na Inglaterra, há um “shadow cabinet”, coordenado pelo líder trabalhista John McDonell que vem incorporando as ideias da nova esquerda. Uma das propostas é a propriedade cooperativas das ferrovias. Recentemente, um artigo de Guinan e O’Neill no periódico Renewal, revelou que McDonell está pretendendo um programa radical de desmantelamento e deslocamento do poder corporativo e financeiro da Grã Bretanha em favor dos menos favorecidos.
O movimento é forte. Antes, os economistas de esquerda lutavam para emplacar ideias entre os trabalhistas. Hoje, são demandados insistentemente para apresentar propostas.
Uma das ideias centrais é o fortalecimento do cooperativismo. Mas há também propostas para que empresas sejam obrigadas a dar ações para seus funcionários, para constituir o “fundo de propriedade inclusiva”. Em setembro passado, os trabalhistas incorporaram a ideia no seu programa. Este mês, uma ideia semelhante foi adotada por Bernie Sanders, um dos candidatos à presidência dos EUA.
Outra linha de frente, nos EUA, é a Democracy Collaborative, um centro de pesquisa sobre como reviver a vida política e econômica nas cidades americanas que experimentam períodos de decadência.
A primeira experiência foi em 2008, em Cleveland, uma das cidades mais afetadas pela decadência econômica. Seguiu-se uma estratégia denominada de “construção de riqueza comunitária”, fortalecendo a economia local em relação aos grandes grupos, como cadeias de varejistas.
O movimento ajudou a criar uma empresa de energia solar, uma lavanderia industrial e uma fazenda hidropônica no centro da cidade, cultivando alfaces e manjericão controladas pelos próprios empregados. Parte dos lucros ia para uma holding incumbida de criar mais cooperativas na cidade. As empresas são bem-sucedidas até hoje.

Home Nova Democracia

Lançamos aqui o GGN a home Nova Democracia, que você poderá acessar pela url https://jornalggn.com.br/nova-democracia/ ou pelo menu.
A ideia será juntar os principais artigos publicados no exterior sobre o tema, e entrevistas e artigos de pensadores brasileiros, de economistas a cientistas sociais entre outros, visando fomentar o debate.
Não haverá vinculações político-partidárias. Uma das grandes características dos novos tempos é o fim das relações hierárquicas nos partidos políticos, substituídas por relações horizontais e participativas.
A proposta será montar um espaço de mediação que permita dar visibilidade para o pensamento alternativo e as experiências bem-sucedidas de economistas de todas as linhas. O desastre Bolsonaro mostrou que as divisões históricas entre desenvolvimentistas e neoliberais não é tão ampla como se pensava. Hoje em dia, a disputa é entre civilização e barbárie.
A construção de um país demanda políticas de combate às desigualdades, políticas de inovação, fortalecimento do BNDES e do mercado de capitais, estímulo ao cooperativismo e ao empreendedorismo, sem as divisões ideológicas que impediam a troca de ideias.
Dado interessante é que esse tipo de renovação está ocorrendo na política brasileira, mas a partir dos estados do nordeste, que vêm revitalizando de forma impressionante os conceitos de foco no cidadão e sistemas de participação nas decisões.



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